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Africa

África: um crescimento mais inclusivo depende da concretização do potencial das economias locais, ,afirma o relatório Perspetivas económicas em África 2015

 

O continente deve aproveitar a juventude e desenvolver corredores comerciais entre as zonas rurais e urbanas

 

Abijão, Côte d’Ivoire, 25 de maio de 2015 – A população africana deverá duplicar até 2050, pelo que a modernização das economias locais será crucial para aumentar a competitividade do continente e melhorar as condições de vida da sua população, de acordo com o relatório Perspetivas económicas em África 2015, lançado pelo Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento na sua 50ª Reunião Anual.

 

Apesar da crise financeira global, as economias africanas crescerão 4.5% em 2015 e poderão atingir 5% em 2016, ultrapassando a maioria das regiões  e convergindo com as atuais taxas de crescimento na Ásia. No entanto, a queda dos preços do petróleo e das matérias-primas, as consequências do surto de Ébola na África Ocidental e as incertezas políticas internas poderão atrasar o esperado retorno a níveis de crescimento similares aos verificados antes de 2008.


Em 2015, prevê-se que o investimento direto estrangeiro (IDE) atinja 73.5 mil milhões de USD, sustentado pelo aumento dos investimentos em projetos de raiz da China – que continua a ser o maior parceiro comercial de África, depois da União Europeia. O relatório revela também um crescimento dos fluxos de IDE intra-africanos e do investimento africano no resto do mundo. As empresas sul-africanas são os principais investidores no continente.

 

“Os países africanos demonstraram grande resiliência em face às adversidades económicas globais. Para que o crescimento futuro seja sustentável e transformador, é necessário que os seus benefícios sejam partilhados de forma mais equitativa pela população e que os governos continuem a prosseguir políticas de promoção da estabilidade económica”, afirmou Steve Kayizzi-Mugerwa, Economista-Chefe e Vice-Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento.

 

Os níveis de desenvolvimento humano em África têm melhorado desde o ano 2000, tendo 17 países (num total de 52) atingido níveis de desenvolvimento médio ou elevado. Contudo, as taxas de pobreza continuam persistentemente altas e os progressos na saúde, na educação e nos rendimentos são díspares. Continuam a existir grandes desigualdades, entre e dentro dos países, bem como entre mulheres e homens. Em muitas zonas, a baixa produtividade e investimento, a ausência de infraestruturas e de redes entre as áreas urbanas e rurais, bem como a insuficiência de emprego fora do setor agrícola, estão a atrasar o progresso económico e o desenvolvimento.

A explosão demográfica no continente agrava estes desafios. Até 2050, tanto as cidades como as comunidades rurais assistirão a um crescimento drástico da sua população, estimando-se que estas últimas tenham um acréscimo de 400 milhões de habitantes. 

 

O relatório afirma, nomeadamente, que 370 milhões de jovens entrarão no mercado de trabalho na África subsariana nos próximos 15 anos, sendo necessário criar muitos mais postos de trabalho e oportunidades de poupança e investimento. Para além disso, este crescimento populacional, combinado com as alterações climáticas, exercerá uma pressão crescente sobre os recursos naturais, como os alimentos, a água e a terra.

 

Aumento previsto da mão-de-obra na África subsariana, na África Setentrional, na China, na Índia, na Europa nos Estados Unidos, 2010-50

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 Fonte: UNDESA (2012)

 

O relatório afirma que os esforços efetuados para promover o desenvolvimento territorial por meio do planeamento territorial, do desenvolvimento das infraestruturas e da descentralização têm sido dispersos e com impacto limitado. Consequentemente, as potencialidades das regiões africanas - incluindo as bacias hidrográficas, as áreas fronteiriças e corredores importantes entre zonas rurais e urbanas – poderiam ser melhor utilizadas.


“As economias africanas poderiam tirar benefícios da mobilização das potencialidades vastas, extraordinárias e inexploradas das suas várias regiões. A competitividade de África e o bem-estar dos africanos pode melhorar se as pessoas e os lugares forem colocados no centro da decisão política”, afirmou Mario Pezzini, Diretor do Centro de Desenvolvimento da OCDE.

 

A transformação das economias requer a exploração de setores mais produtivos, nomeadamente pela promoção da indústria transformadora, o desenvolvimento de serviços, a criação de estratégias de crescimento verde e a modernização do setor agrícola.

 

Para além disso, o combate às desigualdades territoriais requer a implementação de políticas transversais entre setores, incluindo a diversificação das economias rurais e a sua ligação com as cidades, por meio da promoção de cadeias de valor e de corredores comerciais. Engloba, igualmente, o desbloqueio dos financiamentos internos, o desenvolvimento dos transportes e das comunicações e o investimento em serviços sociais básicos.

 

“O crescimento inclusivo e sustentável é um elemento fundamental da agenda de desenvolvimento africana pós-2015 para a transformação económica e social”, afirmou Abdoulaye Mar Dieye, Diretor do Escritório Regional no Programa da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). “Precisamos de investir na criação de oportunidades económicas - inclusive a nível local – especialmente para os jovens, mulheres e homens, que são os arquitetos da África futura”.

 

O relatório sublinha que é preciso melhorar as competências profissionais e a educação, para assim combater a exclusão por meio de medidas específicas de proteção social. Este relatório também destaca a importância de promover o acesso universal à tecnologia e energia sustentável.

 

 

Sobre o Relatório:

 

O relatório Perspetivas económicas em África é elaborado anualmente pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), o Centro de Desenvolvimento da OCDE e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

 

Para mais informação sobre as Reuniões Anuais do Banco Africano de Desenvolvimento em 2015, veja www.afdb.org/am.  Os hashtags oficiais são: #AfDBAM2015 e #AEO2015.

 

Contactos de Imprensa:

 

−               Banco Africano de Desenvolvimento: Olivia Ndong Obiang, o.ndong-obiang@afdb.org; T. +225 01 56 05 05 (Abidjan) ou Joyce Mulama, j.mulama@afdb.org, T. +225 46 10 24 49 (Abidjan)

−               Centro de Desenvolvimento da OCDE: Bochra Kriout, Bochra.Kriout@oecd.org; T: +33 (0) 6 26 74 04 03 (Paris/Abidjan)

−               PNUD: Nicolas Douillet, Nicolas.Douillet@undp.org, T. +1 (212) 906-5937 (Nova Iorque) e Youssouf Diarra, youssouf.diarra@undp.org; T. +225 08 92 48 51 (Abidjan)

 

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